QUANDO O PLÁGIO ACONTECE NOS TRABALHOS: E AGORA?


Imagine que você está fazendo um trabalho em grupo e que um(a) colega comete plágio. O que fazer?

É um direito de todo estudante querer que o trabalho escolar ou acadêmico que leva seu nome seja redigido honestamente. Então, o primeiro passo é não aceitar, muito menos achar que você é quem está errado. Lembre-se de que mesmo trabalhos simples, que não são publicados, são avaliados por professores. Além disso, é neste momento que estudantes aprendem a redigir corretamente textos científicos, então quem plagia está deixando de aprender o que, na hora da publicação, vai fazer muita falta.

Há várias coisas que você pode fazer e que dependem muito do tipo de colegas que você tem. Obviamente, a primeira atitude deve ser conversar com quem cometeu plágio. Se o(a) colega não souber o que é, explicar. Se o(a) colega souber o que é e achar que não vai dar em nada, argumente, afinal de contas é errado, não é? Se, ainda assim, o(a) colega não aceitar corrigir o erro, pode ser a hora de procurar o(a) professor(a) e pedir ajuda. Tente fazer isso sem citar nomes de colegas para não parecer que a sua intenção é prejudicar alguém. Na verdade, o objetivo principal, no caso, é garantir a qualidade da sua formação.


E se você cometeu plágio em um trabalho individual? 

Passou, você não viu, não entendeu como era para fazer, não sabia citar aquela fonte específica, não citou as fontes nas citações diretas ou indiretas, ou seja, cometeu plágio e perdeu nota porque não soube fazer o trabalho da forma correta. Aceite a sua nota e procure fazer melhor da próxima vez porque o(a) professor(a) tem razão: o plágio deve ser combatido nas instituições de ensino. Converse com o(a) professor(a) da próxima vez, mostre o que você tem feito antes de entregar a versão final, tire suas dúvidas: você está na escola/universidade para aprender e tem todo o direito de errar e perguntar. 


E se você é professora ou professor e encontra plágio nos trabalhos escolares e acadêmicos? 

Seria uma boa, antes de tomar qualquer iniciativa, confirmar se a turma sabe o que é plágio e as formas de evitá-lo. Obviamente, é quase impossível um(a) professor(a) corrigir o plágio e qualquer forma de fraude acadêmica se a instituição é conivente. Entretanto, professores tem a lei para lhes assegurar qualquer medida tomada para evitar o plágio nas escolas e nas universidades. Além disso, o combate ao plágio justifica-se também pelo comprometimento com uma educação que prepara o(a) estudante para redigir, futuramente, documentos técnico-científicos que serão publicados.

O plágio cometido em trabalhos escolares rotineiros, que servem para avaliar o aprendizado dos estudantes, pode ser tratado de forma educativa. Isso não quer dizer que o(a) professor(a) deve ficar eternamente explicando o que é plágio... Chega a hora em que o certo é ser mais exigente e tirar pontos, pedir para refazer o trabalho, sugerir que o(a) estudante faça novamente a disciplina que ensina a redigir documentos técnico-científicos, reprovar o(a) estudante na disciplina cujo conteúdo foi plagiado ou outras atitudes que preparem o estudante para futuras publicações e para uma postura ética como autor. O que não dá para fazer é cobrar dos estudantes um conhecimento que não foi ensinado ou uma postura que não é adotada por professores. Então, professor(a), dê o exemplo: só disponibilize textos com referência bibliográfica; exija que estudantes façam a referência dos textos utilizados em sala de aula; pergunte sempre se estudantes tem dúvidas sobre como fazer a referência das fontes pesquisadas; corrija os trabalhos acadêmicos sempre marcando os erros de citação e de formatação.


E, para terminar...

Se você acha que é dificílimo que o plágio seja descoberto ou punido, saiba que esta impressão sua está errada porque:

1. os trabalhos publicados são lidos por profissionais que se interessam pelo tema tratado na publicação, ou seja, os leitores são estudiosos do tema e, por isso, capazes (e muito!) de reconhecer plágio;

2. atualmente existem softwares que detectam plágio. Mesmo os sistemas de buscas do Google ou do Yahoo! são capazes de achar o documento original de um conteúdo plagiado;

3. há vários casos de plágio que foram denunciados aos verdadeiros autores por terceiros, em situações inimagináveis. Leia mais sobre o tema, busque casos na Internet e veja como o plágio tem "pernas curtas";

4. assim como há professores que fingem que não vêem um conteúdo plagiado, há aqueles que não aceitam de jeito nenhum: dão zero no trabalho, reprovam na disciplina ou adotam outras medidas punitivas;

5. há professores e/ou orientadores que são menos, digamos, "pacientes" com relação ao plágio. Neste caso, tentam ajudar apontando os erros na redação. Entretanto, quando percebem que o(a) estudante/orientando(a) não quer mesmo fazer do jeito certo, deixam do jeito que está até aparecer no trabalho final (monografia, dissertação, tese)... Aí, é a banca examinadora que vai apontar, publicamente, o plágio e o(a) trabalho pode até ser reprovado uma vez que não é interessante para a Universidade publicar trabalhos plagiados.


Evite o plágio e faça um trabalho honesto. São regras simples, meio chatas no começo mas à medida em que são utilizadas nos trabalhos acadêmicos se tornam fáceis de serem lembradas até de cor. Não desanime porque cometer plágio pode trazer grandes prejuízos para você.


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Autoria: Alessandra Belo
2012